Motocicletas
in THE BEGINNING
… e depois da invenção da roda… duas rodas e então… a MOTOCICLETA!!!
As motos surgiram na minha vida quando o então meu namoradinho (com 16 anos) comprou a sua primeira. Minha mãe me proibiu de andar naquela coisinha, mas claro que a gente dava umas escapadas c0mo a primeira viagem (acredite que naquele tempo era uma viagem) para fazer um picnic na represa de Mairiporã. E lá fomos nós, com 4 cheese-saladas e 2 latinhas de coca-cola na mochila. Tudo de bom!!!!
Alguns anos mais tarde, no comecinho da década de 80, fui obrigada a passar os sábados sozinha e os domingos lavando roupas sujas de pó e lama. Assim conheci o off-road. Não existiam roupas apropriadas (pelo menos no Brasil) e a gente colocava espuma por dentro das calças jeans. O bonito me dava um beijo e sumia o sábado todo.
Claro que eu ficava possessa até que num belo domingo de sol, passeando pelas ruas do Tremembé, o Paulão resolveu subir a serra e me mostrar o que ele fazia aos sábados. Com a maior cara de sapeca mandou eu me agarrar bem forte a ele e entrou na Trilha dos Macacos. MEDA!!!! Que porra era aquela????? Eu, toda bonitinha, enfiada no meio do mato, quase caindo de um lado e depois do outro, sacudindo feito pipoca dentro da panela?
O visual estava maravilhoso até o pedaço que vi porque quando começamos a despencar ladeira a baixo, pulando por cima de raízes, pedras e outros obstáculos – fechei os olhos e senti um frio na barriga, daqueles que a gente sente quando o avião entra numa turbulência. Eu não via a hora de chegar a algum lugar asfaltado. E quando chegamos, só tinha um pensamento: DE NOVO!!!!
Amanhã conto mais… Aguardemmmmmmm
1º enduro da independência
Ano: 1983
Eu: gravidíssima (3º filho – Alex)
Paulão: sempre inventando
…
Um dia ele apareceu com a novidade, uma pergunta pra quem já decidiu e já sabe a resposta:
– Estou pensando em entrar em uma competição… De moto… De enduro… São três dias… Do Rio pra Minas… Com o Carlinhos… Que você acha?
Então começou a ladainha: – Como assim? quando? como? e eu? e o bebê?
Bem, o Alex estava previsto para o final de outubro, começo de novembro e a prova era de 4 a 7 de setmebro. Ok! Como meus bebês sempre atrasaram, parecia tudo certo – pelo menos do meu lado.
E ai começa a perigrinação em busca do quase Santo Graal – o patrocínio. Ele precisava de $$$ para tudo. Para equipamentos de segurança (enfim, trocar as botinas por botas!!!), bebidas, peças, bebidas, peças sobressalentes, bebidas, gasolina, bebidas, alimentação, bebidas, hospedagem, bebidas, apoio, bebidas e outras “cositas”, tipo bebidas.
Conseguiu o apoio de um amigo – Julião – que tinha um barzinho com nome esquisito. É claro que coube à trouxa aqui, pintar à mão, o nome do bar nas mangas das camisetas que os grandes desbravadores de trilhas iriam usar (6 ao todo). Duas vermelhas, duas amarelas e duas azuis. Ficou uma merevilha – com e mesmo. Ah! lembrei! o nome do bar era Telúrico. Sem comentários…
Seu Pedro (grande Seu Pedro! Cheio de sabedoria), pai do Carlinhos faria o apoio com uma kombi, muitas ferramentas, estepes, peças a dar com pau e com uma propriedade de deixar qualquer mecânico de gabarito com inveja.
Conseguiu também um PAItrocinador. O meu pai!
Quando ele apareceu com o equipamento e experimentou para eu ver quase tive uma síncope de riso – um misto de Power Ranger com viking- jeca de dar dó. Mas era o top do momento (kkk)! Detalhe: a pochete! Parecia o bat-cinto de utlidades…
Os meses foram passando e num piscar de olhos a hora chegou. Para me fazer companhia e não me sentir abandonada com um barrigão de quase 8 meses, o Paulão arrumou um fiel escudeiro – o Tchu – que ficava na minha casa o tempo todo me olhando como a esperar qualquer sinal de que o Alex iria nascer e ele não tinha a menor idéia do que fazer, além de virar babá da Thais e principalmente do Bruno.
E lá se foi meu marido para o Rio de Janeiro, levando com ele uma mistura de emoções que davam dor de barriga, ânsia de vômito, uma vontadelouca de acelerar e outra de voltar logo pra casa. Uma adrenalinda única, só sentida por alguém que esteve em uma largada de enduro. A largada foi feita em grande estilo (a prova tinha o patrocínio da Rede Globo) e não é que o bonito me aparece no Fantástico dando tchauzinho pra mim? Um montão de gente me ligou que tinha visto já achando que ele era “o cara”. Não consegui achar nenhum vídeo siginificativo porque na ocasião a tecnologia era jurriásica e máquina fotográfica corria o risco de ficar cheia de lama- só esse clip comemorativo de 25 anos do independência:
A prova era em duplas (ele e seu Carlos). A dupla 203 – o jaleco está guardado até hoje- com duas DT 180. É mole? O primeiro vôo cego dos Pássaros de Fogo!
Todas as noites ele me ligava. Falava que estava tudo bem e que tinha chegado no neutralizado para pernoite. O resto era praticamente telegrafado porque, naquele tempo, ligar de Minas Gerais era caro pra caramba!!!
Só sei que passou frio (dá-lhe conhaque!), tomou muita chuva (mais conhaque!) principalmente no 2º dia, se perdeu, se encontrou, cortou caminho, perdeu PC’s, deve ter atolado muito e empurrado a moto morro acima diversas vezes, teve pequenos machucados (uma pouco mais de conhaque), sarou. A primeira noite passou num quartel em Juiz de Fora. Creio que ninguém precisou do toque da alvorada para levantar porque naquele tempo, o Paulão já concorria em ronco com o Carlinhos. Sabemos que hoje, ele ganha facinho, facinho. Eu é que não queria ter que dormir ali…
Filosoficamente falando, uma prova de enduro de regularidade era pra quem tinha braço e cabeça. Apesar das motocicletas serem menores e mais leves do que as de hoje, o grau de dificuldade era elevadíssimo. Os levantadores de trilhas não tinham nem dó e nem piedade. Queriam mais é ver cada piloto sofrer pra não dizer se “f#@%&”. Queriam testar também a solidariedade e companheirismo de cada um. Por isso as duplas. Um não podia passar nos postos de controle sem o outro. Além disso, se o cara da frente atolasse, você teria que ajudar ou ficaria ali pra sempre. Claro que havia aquele que te chutava morro abaixo se você encalacrasse na frente, mas era exceção. Os mineiros já estavam acostumados com essas provas, os paulistas, não. E as contas para se encontrar o tempo ideal de passagem nos PC’s (postos de controle) eram feitas de cabeça. Nem maquininhas existiam ai. No máximo cartões plastificados com contas já feitas e que normalmente eram perdidos no meio de alguma trilha mais pesada.
E a festa… que festa… Em cada pequeno vilarejo do interior de Minas (leia esse Minas com aquele sotaque piquininim cheim de diminitivim), enquanto motos e carros de apoio passavam, se podia ver, enfileirados, a professora, as crianças, o padre (todo paramentado e benzendo pilotos e motos), todos acenando com pequenas bandeirinhas do Brasil – parecia uma quermesse! Mas era emocionante…
(tava magrinho!!!)
A prova terminou. A chegada, também em grande estilo com direito a rampa e medalha que trazia estampada a figura da Vênus Platinada, foi colocada no pescoço de cada um por uma dessas modelos, manequins e manicures em evidência, na época.
Os detalhes todos, contados especialmente para mim por aproximadamente duas horas e meia quando ele chegou com o pulso enfaixado, acabei deletando. Meu marido estava de volta, feliz e eu mais feliz ainda porque não iria para sala de parto sozinha. Pergunte a ele. Você vai ouvir umas 4 horas de história. Você vai adorar e ele mais ainda.
Ah! e o Tchu finalmente pode dormir sossegado sem medo de ser acordado pra me levar para a maternidade.
Amanhã conto mais,
Bj
2º ENDURO DA INDEPENDÊNCIA
ESSE EU FUI!!!!
Esperei um ano pra comer poeira…
Entre o primeiro e o segundo independência, muitas coisas aconteceram. São Paulo começava também a promover enduros (não tão grandes como os de Minas) e um grupo de amigos a acabou surgindo na Trilha Motos. Lá se fazia a manutenção de motocicletas e era possível comprar algumas tranqueiras. Com patrocínio da ELLUS a equipe foi formada: Luiz (dono da Trilha), Maurinho, Armandinho (depois conhecido como Baxo), Peninha, Pedro, Rômulo, Cataldi, Lippi, Mario, Geraldo, Fernandão, Osmar e, claro, Paulão (provavelmente esqueci de mencionar vários, mas é melhor escrever logo, antes que eu esqueça até de mencionar o Paulão).
Uma semana antes da prova o Peninha tomou um capote e ficou fora da prova. Adivinha que era o dupla dele? Acertou – o Paulão. E dá-lhe arrumar outro cara. Surgiu o Zito (deveria ser Zica). A novidade desse ano ficou por conta da largada. Um componente da dupla saia de Taubaté e o outro de Parati.
Eu tinha acabado de ganhar uma Belina – zerinho!!! e com ela iria fazer apoio. Junto comigo, o Tchu (olha ele ai de novo!), um mecânico que bebia todas e a namorada de alguém (acho que do Cataldi). Fomos para Taubaté, na casa de uma amigo do Paulão (o Paulão conhece gente pra caramba!) e não é que o cara hospedou todos nós? Coitada da mulher dele…
O Paulão era nº 006. E após a partida dele, eu e o Tchu quase saímos atrás. Digo quase porque quando o Tchu entrou no carro e ia fechando a porta um senhora com um carro velho, não muito agradável, bateu na porta. E a infeliz, em vez de parar, continuou. A porta foi-se dobrando, dobrando… E lá fomos nós para a delegacia, preocupados com o horário do neutralizado. BO feito, encontramos uma autorizada e depois que o bando de peões que ali trabalhava almoçou e coçou bastante o saco só pra me infernizar, a porta foi trocada. Legal, né? Carro zerinho, verde metálico, com uma porta preta, sem pintura. Ok, faz parte. Guarda a porta que vou levar para o seguro!
Fui encontrar o pessoal em Caxambu. Fim do primeiro dia…
A ELLUS bancou os macacões (coisa de primeiro mundo, mas muito chato quando se quer fazer xixi), camisetas, bonés, adesivos e outras porcarias.
Bem, a dupla Paulão/Zito (Zica) não se entendia bem. Acho que falatava braço pro garoto. E navegação… uma negação. Num dos diversos perdidos do cara e como é proibido voltar na trilha, o Paulão teve que arrumar um cavalo (deixou a moto com o peão como garantia) e voltar kms na trilha para procurar o companheiro perdido na poeira branca de São Thomé das Letras. Tive um ataque de riso quando eles chegaram ao neutralizado e tiraram os óculos. Até um piloto da Trilha ao Alvo, apelidado de Pinto Preto (porque é negro e seu sobrenome e Pinto) estava branquinho. Se isso fosse hoje seria praticamente um cover do Michael Jackson. Êta poeira lascada!
As mulheres eram detaque nos apoios. Apesar de tanto pó, não faltava batom. Já que o cabelinho tinha dançado mesmo, os bonés eram acessórios fashion. Enquanto os mecânicos davam jeito nas motos, as mulheres davam jeito na fome dos pilotos. Haja sanduiche!!!
Detalhe: a moto do Paulão era a DT 180 usada pelo Carlinhos no 1º Independência.
Outro detalhe: A ELLUS nos deu milhares de cartazes da sua última coleção para serem colados nos neutralizados. Claro que o retorno foi enorme já que o público das cidades estava mais para quermesse do que para passarelas.
Ao contrário do ano anterior não choveu e não existiram atoleiros, em compensação o Paulão tinha vontade de afogar o Zito (Zica) na primeira poça de água – ou de óleo – que achasse tamanha inabilidade do cara. De onde surgiu tal criatura? Traduzindo para os dias de hoje, ele teria sido fonte de inspiração para o nome de uma famosa série televisiva. Não se engane, não HEROES e sim, LOST!!! Totalmente perdido. Nada contra a pessoa, aliás conheci pessoas bem piores nesse universo, mas acredito que ele não fazia trilhas nem de final de semana. E apesar da planilha ser desenhada, aquilo deveria ser grego pra ele. A dupla acabou pulando um pedação da prova (quer dizer, indo pelo asfalto mesmo) pra não se atrasar mais de um dia.
Mais uma vez, se quiser detalhes técnicos, fale com o Paulão, que a essa altura também deletou alguns acontecimentos. Uns porque era melhor esquecer e outros porque a memória tá falhando mesmo. Esse relato é uma versão Suviane dos fatos e as relevâncias não são as mesmas dos pilotos. Era meu primeiro enduro e de mecânica, o máximo que sei é o telefone 333-PORTO
Fica o destaque para a presença serena e prestativa de ELIA MARIA que depois se tornaria a Senhora Luiza Carlos Pereira Novo (vulgo mulher do Luiz da Trilha). Ela sim tinha noção do que estava acontecendo… De fala macia e tranquila, nunca passou um momento de stresssssssssssssssss.
A chegada foi no mesmo esquema do ano anterior. Medalha com a Vênus Platinada, na rampa, com a eterna Titia Monique Evans premiando aqueles que conseguiram chegar. Alguns pilotos nem tiravam o capacete e recusaram o beijinho dela que trajava uma blusa que parecia uma rede de pesca sobrepondo um biquini branco e com os cabelos cortados com máquina 1. Totalmente trash!!!
Ok! Valeu! Totalmente exaustos fomos dormir num motel bem em frente ao shopping e retornamos a São Paulo no dia seguinte. Vale lembrar que euzinha voltei dirigindo, com uma carreta com as motos engatada, enquanto os moçoilos vinham dormindo. Acabou! No ano seguinte teria mais e sem Zica, digo, Zit
PS (voltei a Taubaté para buscar a porta amassada do meu carro e o seguro pagou tudo!)
Amanhã conto mais,
Bj
3º enduro da independência
Continuando a saga do Paulão pelas trilhas mineiras…
Apesar da largada simbólica no Museu do Ipiranga, essa prova teve largada no quintal de casa mesmo. Mairiporã!
A turma de adeptos do off-road havia crescido e muitas provas foram realizadas em São Paulo (conto sobre elas depois). Formamos uma equipe que andava junto de moto, viajava bastante, saia junto ou permanecia em casa junto e, ocasionalmente encara enduros. CHEIRO VERDE! Não me lembro como surgiu o nome, muito menos as cores (LARANJA e VERDE – bem discreto!), mas vivemos um tempo muito bom… Das crianças aos avós todos usavam nossas cores. E como já éramos conhecidos, ficamos ainda mais.
Acho que a sugestão das cores foi do Giba, mas com certeza, que executou os uniformes foi o Pancho.
Armandinho, Mário, Osmar, Fernandão, Paquito e Paulão. Além dos amigos do O.C.B.B.U, Trilha ao Alvo e outros tantos. Ali não havia adversários, só companheiros.
O primeiro dia foi marcado por uma chuva intensa, o que complicou bastante a vida dos nossos new-bandeirantes. Para se ter uma idéia, o gerente do hotel de São Lourenço teve que forrar de plástico todo a recepção e os corredores por onde todo e qualquer piloto tivesse que passar. Não foi fácil para quem fazia apoio também…
Não me lembro do que aconteceu com as luvas do Armandinho, só sei que ele precisava de novas e como não havia nenhuma loja no neutralizado, dei as minhas (de couro) para ele. Claro que elas não chegaram inteiras no neutralizado seguinte. Mas, ok! Pelo menos as mãos deles ficaram protegidas por algum tempo. Com poucos problemas, seguimos para Tiradentes, sem chuva. Cidadezinha deliciosa, comida maravilhosa… mas dentro do grupo surgem as primeiras brigas. Não me pergunte por que, como ou quando. Mas o tempo esquentou. Melhorou um pouco com a chegada do Giba e do Adrix. Tive que dormir com as luzaes acesas para não perder o hora de levantar, já que fomos dormir muito tarde. O Paulão teve um corte na mão que fechou com sujeira dentro e começou a ficar feio. Durante a noite, as mãos dele freavam e apertavam a embreagem como se ainda estivesse pilotando. Pena que não existia celular porque seria hilário rever isso. No dia seguinte, na largada, a Guil bateu no carro de alguém. O cara começou a engrossar até que apareceu o Adrix e mandou a Guil ir embora. Ela obedeceu rapidinho e se mandou. Quando o cara foi tirar satisfação com o Adrix, ele desconversou e disse que não conhecia a Guil. Sorte não termos cruzado com o cara despois.
Fato interessante ocorreu num vilarejo de nome Claudiolândia. Neutralizado. Todos a postos esperando os pilotos bem na pracinha. As adolescentes nativas vestiram suas melhores roupas e desfilavam entre as motos na esperança de um autógrafo desses super heróis e suas máquinas velozes. De repente uma garota caiu em cima de um piloto, que assutado, deixou a menina cair no chão. Parecia que ela estava jogando charme. Na verdade ela estava tendo uma crise de epilepsia. A coitada batia com a cabeça nos paralelepípedos da praça. Rapidamente pedi o blusão de alguém e coloquei sob a cabeça dela. A Cidinha pediu para que as pessoas se afastassem. Afrouxei as roupas da menina e fui forrando o chão para que ela não se machucasse. Nesse meio tempo, alguém foi buscar um parente da coitada enquanto as meninas do Cheiro Verde faziam uma cabaninha para que os curiosos não deixassem a pequena constrangida quando a crise passasse. Do mesmo modo como começou, a crise terminou. O avô me agradeceu levou a menina, agora envergonhada, embora.
Os nativos começaram a apontar para mim como se eu estivesse com uma melancia no pescoço e só mais tarde vim a saber que eu me tornara uma heroina. Dei até autógrafos!!! Coisas do interior…
Acabamos dormindo num motel. Nós e um monte de outros competidores que transformaram o pátio em oficina. E dá-lhe testar as máquinas, acelerando o máximo possível. Os casais que tinham programado uma noite romântica foram embora rapidinho.
No neutralizado do último dia, a supresa. O Paquito da Trilha ao Alvo chega com o joelho quebrado, vítima de um mega caldo. Irredutível, não quis abandonar a competição. Aplique uma injeção de voltarem no derriere do dito cujo e ele foi embora antes que esfriasse. MEDA!
Na chegada, o mesmo shopping dos anos anteriores, o pessoal foi chegando… Mas cadê o cara? Será que ficou caído ne meio das trilhas? Já tinha escurecido quando a dupla chegou, todos já tínhamos bebemorado bastante (cortesia de um amigo so Silvio Grotowski – OCBBEU, que trouxe um bar completo no porta malas do carro. O pobre fraturado parou a moto do nosso lado edeitou no chão. Ele suava frio. O Paulão vestiu o jaleco e o capacete dele, subiu na moto e foi até a rampa de chegada para pegar a medalha do sofredor. Ele recebeu a medalha no chão, esperando a ambulância, chorando de dor e de alegria (#contradições!!??).
Toca voltar pela Fernão Dias, depois de uma noite bem dormida, agora carregando além das motos, um dorminhoco e um engessado. Ano que vem tem mais…
P.S.(a medalha mudou)
4º enduro da independência
Gente, a cada dia que passa percebo que minha memória está cheinha de lacunas… Vejo alguns flashs, ouço algumas vozes mas tudo é muito nebuloso…
É bom que se esclareça que fazer esse enduro, na tentativa de percorrê-lo do princípio ao final sem pular nenhuma etapa ou pegar algum atalho era uma questão de honra para o Paulão. Omiti o fato quando relatei o 1º independência porém acredito ser relavante colocá-lo agora para que se possa entender a importância que esse evento tem para o Paulão.
Ele perdeu o pai no segundo dia do 1º independência. Recebi a notícia duas horas depois que ele tinha me ligado dizendo que estava tudo ok com ele e com o Carlinhos. Não havia como entrar em contato com ele. Só consegui contar depois que voltou e me narrou suas aventuras.
É fato que entre o 3º e o 4º independência muitas coisas aconteceram…
Bem… os preparativos para essa prova foram meio tensos. Não havia mais aquela relação bacana dentro do CHEIRO VERDE. Dizem as más linguas que foi intriga feminina… sei lá… pouco importa.
O Paulão mexia na moto na oficina no Chinapa (será que é com X?). Pra variar, a grana estava curta e os entendidos davam as intruções e ele as executava. Comentários maldosos não faltaram, tipo: – Se precisar de pneus, eu te arrumo (#sarcasmo…). A moto era a mesma que o Carlinhos usou no 1º e depois o Paulão usou no 2º e no 3º. Tadinha!!! Ela deu o melhor de si mas podia ser considerada uma idosa de vida intensa… A dedicação do maridão na manutenção era tão grande (e eu compreendia – às vezes…) que quando tive que fazer uma cirurgia na mama, saímos do hospital e fomos direto para oficina. Ele mexia na moto enquanto eu ficava sentadinha abraçada a um saco de gelo – até a anestesia começar a passar…
Ainda com raiva por casa das ironias ouvidas por causa da falta de dindin, partimos para Petrópolis rebocando uma carreta. Êta estradinha enjoada (fiquei enjoada mesmo)! Não tenho certeza de quem fazia apoio comigo, se o Uruka ou o Cenoura… Olha o lapso ai, gente!!! Ah! o Paulão fazia dupla com o Chinapa (com X?)
Na largada, o superstar da locução motociclística da época (como se auto-intitulava) – ZEZITO – fazendo o tipo não me toque e eu querendo noticiar o fato inédito de alguém fazer as 4 edições desse enduro com a mesma moto. Fato esse quase tão importante quanto meu credenciamento panamericano (#brincadeirinha). Claro que ele, o Zezito, anunciava que tal piloto era patrocinado pela padaria Tempão ou qualquer outra notícia com a mesma relevância…
As minhas lembranças se restringem a ir socorrer um piloto conhecido que, supostamente, tinha se machucado ao encarar um mata-burro com vão central. Eu era o único apoio que tinha sobrado no neutralizado e apesar de ter recebido orientações explícitas do Paulão para não dar nem um copo de água para o cara se ele estivesse morrendo de sede, fui procurar o acidentado. Encontrei o cara sentado no mato, chorando, com a luva forrada de sangue. Ele não teve coragem de tirar a luva. Ok! Vamos lá! Tirei a luva do quase moribundo com todo cuidado e tinha tanto sangue que ninguém conseguia ver o ferimento. Fui jogando água, água e mais água até que pude vislumbrar o corte. Era alguma coisas em torno de meio centímetro, sem nenhuma profundidade. Na verdade o volume de sangue foi causado pelo corte numa artéria pequenina, quando o sangue fica jorando em jatos, que aumentaram de intensidade por causa da adrenalina… (#otário). E eu perdendo meu tempo. Dei um band-aid pra ele e fui embora muito possessa. Vou dizer novamente: peça os detalhes para o Paulão porque não entrei em trilha nenhuma. Minha preocupação estava restrita a ver se ele não tinha se machucado, se tinha sede e fome e o resto ficava por conta dos mecânicos. Engraçado… eu deveria lembra mais dessa prova do que das anteriores, mas está sendo exatamente o contrário. Mas lembro da chegada… Zezito não estava lá. A Globo também não. A medalha parecia de cuspe. Daquelas que o Romic dá em torneios caseiro, tipo honra ao mérito, uma coisinha bem feinha e insignificante. Mas valeu! Afinal, era uma época de Beto Motorauto ( ou será que ele já não competi mais?) e outras lendas #lapso.
Então… o cara que fazia a chegada era nada menos que o presidente do TCMG, um fofo. Ao contrário do quase pop star Zezito – que merecia toalhas brancas (ver post com esse nome), achou ótimo quando eu falei sobre os 4 enduros com a mesma moto. Ele pediu que eu ficasse em cima do palanque e avisasse quando o Paulão aparecesse no morro em frente ao shopping. Assim foi, quando o Paulão se aproximou, ele contou um pouquinho da história do meu aventureiro marido dando destaque pela ousadia (ou coisa de maluco) em utilizar a mesma máquina!!! Foi bem bacana!!!
Bacana também foi a festa proporcionada pelo “Seu” Silvio Grotowiski – o pai do Silvio do OCBBEU, falecido posteriormente no acidente de reveillon no Bateau Mouche (não sei escrever francês). Gentilmente ofereceu um cocktail de boas vindas a todos os pilotos amigos e nos levou a um hotel onde nos esperava nada menos que um boi. Tudo com direito a show de fogos de artifício. Verdade!!!! Claro que coube ao Paulão o privilégio de ser o primeiro a cair na picina depois de um salto mortal, com botas, colete e tudo. Estava frio, mas a bebida contrinuiu para que a sensação térmica do Paulão se mantivesse ok…
Dia seguinte, eu na Fernão Dias again. De volta pra casa. Pela última vez…
Ah! O Paulão conseguiu seu intento. Fez a prova sem desviar nenhum metro do percurso original. Cumpriu o que tinha se proposto. Nunca mais participou de provas em MG. Esse foi seu último ENDURO DA INDEPENDÊNCIA…
MAS AS HISTÓRIAS NÃO TERMINAM POR AQUI
…TO BE CONTINUED




